“Tornei-me uma mulher que sempre quis ser. Graças à “sedução” como uma prática espiritual.”

Pamela Thompson

Vi esta frase que segue na postagem em um site de algum país de língua inglesa, seguida de muitos comentários depreciativos… Como assim? Sedução e prática espiritual?

Logo em seguida o tema surgiu em uma doce conversa com uma amada que neste momento explora o mundo… Não resisti… Veio o textão.

Isso pode parecer estranho a princípio, visto que a palavra sedução quase sempre é lembrada de forma pejorativa no sentido de iludir e enganar o outro para alcançar algum benefício muitas vezes sexual.

O termo vem do latim (seductione) é o ato de seduzir e ser seduzido, de encantar e fascinar. É dai que convido você a me acompanhar nesta conversa.

Como neste sentido a sedução pode se tornar uma prática espiritual?

Olhem para uma criança pequena e sadia, a cada instante explorando o mundo. Facilmente veremos nela o olhar de fascínio e encantamento por cada pequena coisa ou circunstância: Um pingo de tinta que cai em sua mão, o sol que entra pela fresta da janela, um passarinho que brinca próximo, pisar na poça de chuva… Ela experimenta isso, pois está muito mais em contato com os sentidos do que com a mente. Ela vê o mundo sem julgamentos e com isso pode com mais facilidade capturar e usufruir a preciosidade que guarda cada instante.

Viver a sedução como prática espiritual e não como uma forma de suprir suas carências atraindo amores ou vantagens é de uma riqueza e gostosura sem começo nem fim.

E então nesta prática você vai se encantando por você mesma. Você vai ficando fascinada pelo milagre da vida que se revela em cada movimento e a cada piscar de olhos, desperta uma atenção sutil para sentir o que acontece na superfície da sua pele e abaixo dela.

O vento, a chuva, o sol, suas próprias mãos se transformam no toque do divino a te amar e nutrir em todos os instantes. E este fascínio vai te deixando surda para as vozes críticas e adoecidas que apontam as imperfeições e adoram julgamentos. A estética louca dos modismos desaparece e surge a perspectiva da expressão da beleza atemporal que está na natureza da qual fazemos parte.

Tenho alunas que me contam de passarinhos que todo dia cantam em suas janelas, de cães estranhos e aparentemente ferozes que se aproximam e deitam em seu colo… Ao escrever isso lembro de uma cena anos atrás, onde em um curso, vi um beija-flor que pousava repetidamente e cheio de graça nas faces de uma encantadora mulher quase anciã tentando provar da sua doçura, enquanto ela chorava em um êxtase de prazer e gratidão.

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Seduzir…
Uma palavra que perdeu sua profundidade quando a limitamos a manipular o outro e reduzimos os infinitos prazeres a uma fulgaz experiência de espasmos genitais e gratificações amorosas.
E estas é claro também se tornam surpreendentes se o encanto genuíno se faz presente.

Seduzir…
Nada que fere o sagrado, apesar de ser definitivamente o avesso do que as religiões vem apontando no mundo. E isso é tão óbvio… Quem pode oferecer uma religião cheia de pecados, culpas, punições para quem tem como amante cada pequeno instante.

Enquanto escrevo este texto, lembro do episódio em que Madalena lavou os pés de Jesus com os mais preciosos óleos que existiam e os secou com os próprios cabelos. Imagine… Uma das mulheres mais maravilhosas daquele tempo celebrando e servindo ao divino com a beleza da expressão do feminino manifesto através dela.

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Quando a atenção se volta para quem realmente somos, o corpo torna-se a celebração de tudo.

Aqui no ocidente muitos já folhearam em algum momento fragmentos dos Kama Sutra. Digo fragmentos, pois nos foram apresentadas apenas as posições sexuais de um tratado tão amplo e extenso como a própria Bíblia. Kama (sedução, prazer) Sutra (nome dado a textos curtos que resumiam costumes e práticas importantes da cultura e quase sempre eram considerados sagrados)

Kama: a busca pelo prazer é uma ma das quatro finalidades da existência, segundo a cultura hindu, ao lado de artha (a busca de bens materiais), dharma (o dever moral perante a sociedade) e moksha (a libertação espiritual do ciclo de reencarnações).

Fui levada a conhecer estas práticas de encantamento, quando já caminhava no mundo em um corpo adulto, mãe, profissional em psicologia, com inúmeras especializações internacionais… Sentir a vida nesta perspectiva me fez perceber que quase nada sabia. Eu fazia parte de 5% da estatística das pessoas que tem acesso ao conhecimento acadêmico, qualidade de vida, determinada condição financeira e não sabia quase nada sobre tais aspectos da existência.

Quem por vezes vê um grupo de alunas que ousam provar do encanto de si mesmas e da vida, em retiros, se divertindo em alguma cachoeira, ou em qualquer lugar do mundo, suspeita que estejamos embriagadas ou vivemos algum tipo de “paixão não permitida” pela velha e caquética moral e “duvidosos bons costumes”.

Estão certos!
Estamos embriagadas pela vida, por fazer parte desta sinfonia que é o infinito em si e apaixonadas pelo amor que é presença em cada parte.

E assim como Afrodite que por onde tocava os pés nasciam flores… Estamos a nos espalhar pelo mundo que urge quebrar as cascas e Florescer.

Com Amor.

Dev Swaran

 (Psicóloga (Joelma Silva) – Atende em psicoterapia individual presencial em Belo Horizonte.  Realiza também mentoria online para questões de relacionamento, sexualidade, autoestima, resolução de conflitos, tecnologias para lidar com ansiedade, depressão e estresse, e outros temas existenciais como parte do projeto “Helper”. 
Com larga experiência, graças a sua vasta formação incluindo 9 especializações internacionais, tornou-se referência estratégias para saúde, bem estar e empoderamento feminino, solução de conflitos através de Constelações familiares, liderança; realiza grupos de desenvolvimento e treinamentos de alto impacto e palestras no Brasil e exterior. Seu treinamento mais conhecido é Ísis – A Mulher que Brilha).